Reunimos aqui as perguntas mais frequentes sobre o tema, para ajudar você a saber mais sobre a cirurgia e a fazer a sua escolha de maneira consciente e ponderada. Você pode ler todas as respostas em sequência ou utilizar a lista abaixo, clicando diretamente na pergunta que deseja ver.
O que é transplante capilar?
É um procedimento cirúrgico no qual os folículos capilares de uma área doadora (mais densa e cheia de cabelos) são transferidos para uma área receptora (menos densa que a área doadora).
A maioria das cirurgias é feita para melhorar o aspecto da calvície tradicional, causada pela alopecia androgenética. A principal área doadora fica na parte de trás da cabeça, onde os fios são menos sensíveis aos hormônios que causam essa forma de alopecia. Os folículos transplantados continuam resistentes após a cirurgia, mesmo se os fios nativos da área receptora forem perdidos com o avanço da calvície.
O transplante também pode ser feito para recuperar falhas em outras áreas, como a barba ou as sobrancelhas, e é possível utilizar fios de partes diferentes do corpo (transplante de fios das costas para o couro cabeludo, por exemplo).
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Existe diferença entre transplante e implante capilar?
No Brasil é comum usarmos os dois termos como sinônimos, mas o tecnicamente correto seria transplante capilar. Na medicina a palavra implante costuma se referir a peças artificiais que são inseridas no corpo. Como os folículos são partes naturais do nosso corpo, o certo é dizer que eles são transplantados (assim como um coração ou um rim, por exemplo).
Mas na prática, não importa se uma clínica divulga a cirurgia com o nome de transplante e outra com o nome de implante capilar: se as duas lidam com folículos capilares naturais, os nomes querem dizer a mesma coisa.
(Curiosidade: existem técnicas de implante de cabelo artificial, mas elas são consideradas inferiores aos transplantes em termos de resultados, chance de rejeição, etc, e por isso não são muito populares.)
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É possível transplantar cabelo de uma pessoa para outra?
Atualmente não. Em teoria o procedimento é possível, mas teria as mesmas dificuldades que o transplante de qualquer outro órgão, como o risco de incompatibilidade entre doador e receptor (a menos que você tenha um irmão gêmeo idêntico disposto a doar o cabelo dele pra você 🙂 ).
Quem recebe um órgão transplantado precisa tomar medicamentos imunossupressores por toda a vida para que o corpo não ataque a parte nova. Os remédios podem causar efeitos colaterais consideráveis e deixam o organismo mais vulnerável a ameaças externas.
São desvantagens sérias, que podem ser superadas quando estamos falando de um órgão vital, mas não de uma cirurgia estética. Portanto um transplante de cabelos de outro doador é considerado inviável hoje.
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Em quais casos o transplante é recomendado? Como saber se eu posso fazer ou não?
Só o seu médico vai poder fazer uma avaliação precisa, mas de modo geral os melhores candidatos a fazer o transplante são:
- Pessoas com alopecia androgenética escala Norwood 3 ou maior, ou que tenham começado a manifestar a queda de cabelo há pelo menos cinco anos;
- Pessoas com quadros de calvície já estabilizada, que tiveram queda de cabelo ao longo de muitos anos;
- Quem está recorrendo à cirurgia depois de já ter testado outros tratamentos para a alopecia androgenética (como a finasterida e o minoxidil);
- Pessoas com perda permanente dos fios não relacionada a causas hormonais (acidentes, cirurgias, queimaduras, traumas, etc);
- Pessoas que têm a linha anterior de implantação dos cabelos (área onde o cabelo começa a surgir na testa) muito alta, seja de nascença (sem quadro de queda de cabelos associado) ou devido a procedimentos cirúrgicos (como lifting facial ou de sobrancelhas);
- Alguns casos de alopecia cicatricial, desde que estejam inativos e estáveis há pelo menos um ano;
- Alguns casos de tricotilomania, desde que estejam inativos e estáveis há pelo menos um ano.
Outros requisitos importantes para a segurança e a satisfação com o procedimento são:
- Ter boa densidade de fios na área doadora;
- Ter boa condição de saúde (atendendo aos critérios da avaliação pré-cirúrgica);
- Ter expectativas realistas sobre os resultados do procedimento;
- Escolher um profissional bem qualificado para realizar a cirurgia;
- Seguir à risca os cuidados recomendados para o período pós cirúrgico.
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Existe uma idade mínima para fazer a cirurgia?
Tecnicamente não, mas vários especialistas preferem esperar até que o candidato tenha pelo menos 25 anos de idade. Muita gente pensa que o transplante é melhor para as pessoas jovens, porque os resultados são melhores nos casos mais leves de calvície, mas isso não é verdade. É importante avaliar como a sua calvície irá progredir ao longo da vida e se os fios transplantados vão parecer naturais no futuro.
Imagine um rapaz de 20 anos que começa a ter perda de cabelos na parte frontal e decide fazer um transplante capilar. Os fios transplantados são resistentes e permanecem ali para o resto da vida, mas os cabelos nativos daquela área continuam caindo. Depois de alguns anos ele pode ficar com os fios transplantados firmes e fortes lá na frente e uma área calva imediatamente atrás deles. Péssimo, né?
Essa falta de planejamento faz muita gente precisar de transplantes capilares corretivos no futuro. Para evitar o risco, o ideal é que a calvície já tenha se estabilizado ao fazer a cirurgia, ou pelo menos que se faça uma projeção de como o quadro deve evoluir no futuro, para fazer um transplante que mantenha resultados satisfatórios nos próximos anos.
Um bom exercício é olhar para as pessoas da sua família e imaginar que a sua calvície vai progredir da mesma forma que a da pessoa mais careca de todas: assim você “planeja para o pior” e tem uma margem de segurança. Se você já estiver num nível próximo ao dessa pessoa, pode fazer a cirurgia sabendo que o seu quadro não deve avançar muito mais do que isso. Ou, se ainda estiver muito distante, você pode testar outros tratamentos antes de pensar num transplante, ou planejar com o médico a realização de uma cirurgia já prevendo esse padrão, para obter resultados mais naturais e duradouros.
Lembre-se que a quantidade de fios da área doadora é limitada: você não quer desperdiçá-los fazendo uma cirurgia da qual pode se arrepender no futuro.
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O transplante capilar feminino é diferente do masculino?
O procedimento é o mesmo, mas nem sempre a cirurgia é uma opção interessante para as mulheres.
A calvície feminina costuma ser mais difusa e distribuída por todo o couro cabeludo, e às vezes atinge também a parte de trás da cabeça. Nesses casos não é possível esperar da área doadora a mesma estabilidade e resistência que se observa na calvície masculina, e os fios transplantados podem acabar sendo perdidos com o tempo.
Além disso, o transplante serve exatamente para retirar fios de uma área mais densa e usá-los para preencher as partes mais “ralas”. Se a queda de cabelo for distribuída por toda a cabeça, e a densidade for parecida em todas as áreas, a cirurgia perde o propósito. Portanto o ideal é fazer uma avaliação para que o médico analise o seu caso e diga se o procedimento vai te beneficiar ou não.
O implante capilar feminino continua sendo uma ótima opção em casos de:
- Alopecia por tração (pinçamento excessivo de sobrancelhas ou uso de penteados muito apertados, como tranças rentes ao couro cabeludo ou coques de bailarina, por exemplo), queimaduras ou outros traumas;
- Plásticas ou outras cirurgias que causaram perda dos fios na área próxima às cicatrizes;
- Calvície em padrão similar ao masculino (em áreas mais localizadas e com preservação dos fios na parte de trás da cabeça, onde fica a área doadora);
- Redução da área da testa (em quem tem a linha de nascimento dos cabelos naturalmente muito alta);
- Alguns quadros estáveis de alopecia cicatricial e tricotilomania.
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Quais os procedimentos e cuidados antes da cirurgia?
O primeiro passo é a avaliação que o médico vai fazer do seu caso. Ele deve analisar a causa e a extensão da perda de cabelos, a qualidade da área doadora e determinar se o transplante é a solução ideal para você. Ele também vai conversar sobre as suas expectativas, discutir o que é possível fazer, quais são os resultados que você pode esperar, etc.
Antes do transplante o médico deve solicitar alguns exames pré-cirúrgicos tradicionais (raio x de tórax, ecocardiograma, hemograma, provas de coagulação, entre outros), perguntar se você toma algum medicamento, se tem alguma doença crônica, etc.
Passadas essas duas etapas, a cirurgia pode ser agendada. As recomendações mais comuns de preparo para o transplante são:
- Deixar o cabelo o mais comprido possível para o dia da cirurgia (o médico vai aparar a área necessária, e o restante do cabelo vai ajudar a cobrir as cicatrizes na área doadora);
- Proteger o couro cabeludo para não estar com nenhuma queimadura de sol no dia do procedimento;
- Não tomar aspirina, ibuprofeno ou outros anti-inflamatórios, suplementos vitamínicos (principalmente do tipo B e E) e evitar fumo e bebidas alcoólicas uma semana antes do transplante, pois podem estimular o sangramento durante o transplante e prejudicar a cicatrização (na dúvida sobre qualquer medicamento, entre em contato com o seu médico);
- Lavar bem a cabeça com shampoo no dia da cirurgia e não utilizar produtos como gel, spray, mousse, cremes, perfumes e maquiagens (se você usa uma prótese capilar, ela também deve ser removida);
- Utilize roupas mais largas e que não precisem ser puxadas pela cabeça para retirar, para evitar atrito com os curativos após a cirurgia (uma camisa de botão é ideal);
- Se alimentar bem antes da cirurgia, de acordo com a orientação do médico (alguns pacientes podem sentir náusea se fizerem o transplante com o estômago vazio), mas evitar cafeína (pode estimular o sangramento);
- Não levar objetos de valor para a clínica no dia do transplante (o lugar pode não ter como acondicionar e garantir a segurança dos seus pertences);
- A sedação pode causar sonolência após o procedimento, portanto não é recomendado dirigir após a cirurgia (peça para um acompanhante te levar para casa ou pegue um táxi);
- Conversar com o médico sobre os produtos que você pode ter de usar depois da cirurgia (medicação para controle da dor ou evitar infecções, bolsa de gelo para reduzir o inchaço, etc), caso você queira comprá-los com antecedência para já ter tudo em casa quando voltar do transplante.
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Que tipo de anestesia é utilizada?
A maioria dos procedimentos é feita com anestesia local e sedação leve (que é opcional, mas altamente recomendada devido à longa duração das sessões de transplante).
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Quais são os tipos (ou técnicas) de transplante capilar?
Os nomes comerciais podem variar bastante, mas existem basicamente dois métodos no mercado: o mais comum é o Follicular Unit Transplantation, ou FUT (Transplante de Unidade Folicular, em inglês). Essa técnica retira uma faixa do couro cabeludo da área doadora, a partir da qual são selecionadas as unidades foliculares (agrupamentos naturais de até 5 folículos capilares) que serão implantadas em pequenos orifícios feitos na área receptora.
O segundo método, que vem ganhando bastante popularidade nos últimos anos, é o Follicular Unit Extraction, ou FUE (Extração de Unidade Folicular, em inglês). A diferença é que essa técnica retira as unidades foliculares uma a uma, diretamente do couro cabeludo do paciente, com o auxílio de uma pequena ferramenta cilíndrica (como um canudo). A inserção das unidades na área receptora é feita da mesma forma nos dois métodos. Existe uma variação dessa técnica na qual a extração das UFs é realizada por um robô, o que ajuda a aumentar a precisão e a qualidade do procedimento.
Algumas clínicas divulgam a realização de implantes capilares a laser, mas essa técnica é considerada inferior: o laser só é utilizado na abertura dos furos onde os fios serão inseridos, e como acaba queimando os tecidos, a chance de causar perda dos folículos é maior.
O laser era mais utilizado quando as partes transplantadas eram maiores e precisavam de buracos considerados grandes para os padrões de hoje (os tufos implantados davam um efeito super artificial de “cabelo de boneca”). As unidades foliculares dos procedimentos atuais são minúsculas, e as pequenas incisões que são feitas na área receptora causam o mínimo de dano possível ao couro cabeludo.
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Quais as vantagens e desvantagens de cada método? Qual é melhor? (infográfico)
É difícil dizer que um método é melhor que o outro, porque eles têm características bastante diferentes. Pra te ajudar a comparar, preparamos o infográfico abaixo (e, em seguida, uma lista com os pontos positivos e negativos de cada método):
FUT – Pontos positivos:
- Costuma ser mais barato que o método FUE;
- Rende mais UFs transplantadas por sessão, portanto é ideal para cobrir áreas maiores;
- A cirurgia normalmente é mais rápida (alguns procedimentos maiores, com grandes quantidades de UFs transplantadas, podem ser realizados em um só dia com o método FUT, enquanto no método FUE teriam de ser divididos em duas sessões);
- O risco de dano aos folículos é extremamente reduzido, pois as UFs são retiradas uma a uma diretamente da faixa de pele que foi extraída, com o auxílio de poderosos microscópios;
- Não é preciso raspar o cabelo perto da área doadora (o que facilita a camuflagem da cicatriz depois da cirurgia);
- Se o paciente realizar mais de uma cirurgia FUT, em alguns casos é possível que a cicatriz anterior seja removida no procedimento seguinte, ou seja, dá pra fazer várias cirurgias e ficar com apenas uma cicatriz (no método FUE, cada procedimento cria mais microcicatrizes, cujo acúmulo pode acabar reduzindo visivelmente a densidade de cabelos na área doadora).
FUT – Pontos negativos:
- O método é considerado mais invasivo que a técnica FUE, e a recuperação pode ser mais demorada e dolorida;
- A cabeça é a única área doadora víável (não dá pra usar fios de outras partes do corpo no transplante);
- Só é possível se o candidato tiver boa flexibilidade no couro cabeludo (e cada cirurgia reduz um pouco mais essa flexibilidade, limitando a quantidade de transplantes FUT que podem ser realizados no futuro);
- A cicatriz linear é mais aparente do que as microcicatrizes do método FUE (apesar de ser possível camuflar as duas com o crescimento do cabelo ao redor), e pode ficar alargada se a cicatrização não for ideal (seja por falta de perícia do cirurgião, por falta de respeito aos cuidados pós-cirúrgicos ou porque o próprio organismo do paciente não respondeu bem ao procedimento);
- É preciso evitar exercícios físicos intensos e atividades que coloquem tensão no couro cabeludo durante cerca de 10 meses após a cirurgia, para permitir que a área da incisão se recupere totalmente e reduzir as chances de a cicatriz se alargar;
- A incisão provavelmente vai danificar alguns folículos nas extremidades da faixa de pele retirada da área doadora, e a cirurgia deve perder alguns dos fios que estiverem na fase telógena (folículos temporariamente vazios que não são visualizados e transplantados durante o procedimento);
- Pode ser que as partes do couro cabeludo unidas pela sutura tenham fios crescendo em densidades e direções diferentes, o que deixa um aspecto anti-natural (que é mais facilmente camuflado quando os fios crescem um pouco).
FUE – pontos positivos:
- O método é considerado menos invasivo, tem recuperação mais rápida e não precisa de sutura (as incisões cicatrizam sozinhas);
- Permite que sejam utilizados fios de outras partes do corpo (restauração de sobrancelhas, da barba ou transplante de fios de outros lugares para o couro cabeludo);
- As microcicatrizes são mais fáceis de camuflar e permitem cortes de cabelo mais curtos (principalmente nos procedimentos menores, que não retiram tantas UFs);
- Permite voltar a se exercitar normalmente em poucos dias;
- É uma boa opção para quem não tem boa flexibilidade no couro cabeludo e, por isso, não pode fazer a cirurgia FUT.
FUE – pontos negativos:
- Costuma ser mais caro e demorado que o método FUT;
- Rende menos UFs por sessão (o tempo que se leva para extrair e preparar as UFs é maior);
- As UFs são retiradas de uma área maior, o que pode aumentar o risco de pegar fios fora da região considerada “segura” (alguns desses fios podem ser suscetíveis aos hormônios que causam a calvície e serem perdidos no futuro) e de ficar com microcicatrizes mais aparentes em uma área que pode se tornar calva no futuro;
- Reduz a densidade da área doadora a cada procedimento (dificultando a realização de novos procedimentos FUE ou FUT no futuro);
- O risco de danificar as UFs é maior, porque o cirurgião não tem a visão dos folículos por baixo da pele durante a extração (se a incisão for muito larga pode cortar os folículos vizinhos, se for muito estreita ou rasa pode danificar a própria UF que está sendo extraída);
- É necessário raspar toda a área doadora para o transplante (o que, nos procedimentos maiores, pode acabar obrigando o paciente a raspar toda a cabeça para não ficar com um visual desarmônico).
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Quanto tempo demora a cirurgia?
Varia de acordo com:
- A técnica (o método FUT costuma ser mais rápido que o FUE);
- A quantidade de unidades foliculares (UFs) transplantadas;
- A equipe que vai fazer o procedimento (equipes maiores e mais experientes normalmente levam menos tempo).
Uma sessão pequena (menos de 800 UFs) com a técnica FUT pode levar cerca de 3 ou 4 horas, enquanto uma cirurgia maior (mais de 2.500 UFs) pode tomar de 6 a 8 horas (na técnica FUE, o procedimentos maiores podem ser divididos em duas sessões, realizadas em dias consecutivos).
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O cabelo vai cair depois do transplante? Soube de casos em que a pessoa ficou com menos cabelo depois da cirurgia!
É muito provável que haja alguma queda de cabelo logo após o transplante sim, mas isso é normal e costuma ser completamente reversível.
Acredita-se que o cabelo transplantado cai porque, quando a unidade folicular é retirada da área doadora, a sua alimentação sanguínea é interrompida. Isso seria interpretado pelos folículos como uma situação de “emergência”: sem receber os nutrientes necessários para continuar produzindo os fios de cabelo, eles tendem a interromper o processo.
A queda não acontece imediatamente, e só costuma ser notada entre a segunda e a sexta semanas após a cirurgia. Depois que o folículo já se encontra totalmente integrado à área receptora e a circulação é reestabelecida, ele começa a produzir um novo fio, que deve aparecer entre o segundo e o quinto mês após o transplante.
Em alguns casos os fios que não participaram do transplante também podem ter uma queda mais acentuada. Uma cirurgia é sempre um choque para o organismo, por menor e mais bem executada que ela seja, e uma das maneiras que o nosso corpo tem de reagir é perdendo alguns cabelos. Essa reação recebe o nome de eflúvio telógeno, e é um efeito temporário: assim que nos recuperamos totalmente, os fios retomam seu crescimento normal (a menos que já estejam bastante miniaturizados e prontos pra parar de crescer de qualquer forma). Isso também não acontece da noite pro dia: é comum que a queda mais acentuada só seja notada algum tempo após a cirurgia.
Nos casos de alopecia androgenética, alguns médicos recomendam o uso de outros tratamentos para ajudar a fortalecer e preservar os fios nativos (como a finasterida e o minoxidil), geralmente iniciados antes do transplante (para que o efeito já esteja acontecendo quando a cirurgia for realizada).
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Quanto tempo demora pro cabelo crescer novamente?
Em torno do segundo ou terceiro mês após a cirurgia os fios novos começam a surgir, e vão ganhando corpo até cerca do oitavo ou nono mês. Algumas alterações na textura dos cabelos podem aparecer, mas entre o primeiro e o segundo ano após o transplante elas costumam ser normalizadas. Depois desse período é que o resultado final do procedimento aparece bem e pode ser avaliado de forma mais completa.
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Os resultados são bons?
Com o avanço das técnicas de transplante, temos visto cada vez mais resultados excelentes. Os procedimentos atuais buscam reproduzir com o máximo de fidelidade o que seria uma distribuição natural de cabelos para cada paciente, considerando a densidade de fios, a direção e ângulo de crescimento, além de uma linha de implantação compatível com a idade e o perfil do indivíduo.
É importante dizer que os clientes mais satisfeitos são os que têm expectativas realistas para o transplante. Um paciente mais velho e com calvície avançada não deve esperar conseguir de volta o mesmo cabelo que tinha quando era adolescente. Mas é fato que um transplante capilar bem planejado e realizado pode ser sim uma das soluções mais poderosas para os quadros de calvície.
Vale frisar também que apesar de termos técnicas bastante avançadas atualmente, nem todos os profissionais dominam todas elas. Portanto um fator fundamental para o sucesso do procedimento e a qualidade dos resultados é escolher um bom cirurgião.
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O procedimento deixa cicatrizes? Existe transplante capilar sem cicatriz?
Os dois métodos deixam cicatrizes diferentes, mas existem recursos que as tornam praticamente imperceptíveis. O transplante tradicional (técnica FUT) deixa uma cicatriz linear, que fica camuflada quando o cabelo da área circundante cresce o suficiente para cobri-la (o método de sutura tricofítica permite que os cabelos nasçam sobre a área da cicatriz, ajudando a escondê-la mesmo com cortes de cabelo mais curtos – veja mais sobre isso na próxima pergunta).
Já o método FUE não deixa uma cicatriz única, e sim várias microcicatrizes nos pontos onde os folículos foram extraídos. Com os fios na altura de uma máquina 1, a impressão visual que pode surgir (principalmente se muitos fios forem retirados da área doadora) é a de uma área de cabelo menos densa que o restante, mas assim que o cabelo cresce mais um pouco esse efeito também é camuflado.
A técnica FUE costuma ser divulgada como “implante capilar sem cicatriz“, mas fique atento: o fato de uma cicatriz ser quase imperceptível não significa que ela não existe!
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Vou poder usar os cabelos bem curtos ou raspados após a cirurgia? A cicatriz vai aparecer?
Ambos os métodos (FUT e FUE), se bem executados, devem gerar marcas fáceis de cobrir. Mas é fato que quanto mais curto o cabelo em volta da área doadora, mais aparentes as cicatrizes se tornam. Então não adianta dizer que “se o transplante ficar ruim eu posso simplesmente raspar a cabeça toda mesmo”: se a cabeça for raspada, as cicatrizes vão ficar visíveis.
A qualidade da cicatriz depende também do respeito às orientações de cuidado pós-cirúrgico e da maneira como cada organismo vai reagir e processar a cicatrização (que não dá pra prever com tanta certeza). Nos melhores quadros a marca pode ficar quase imperceptível, mas nem todas as cicatrizes ficam plenamente cobertas com o cabelo cortado numa máquina 2 ou 3.
Quem deseja manter o cabelo bem curto e se incomoda com as marcas pode se beneficiar de algumas técnicas como a micropigmentação (pequenas tatuagens pontilhando a área da cicatriz e deixando-a com o mesmo aspecto visual da área ao redor) e a revisão cirúrgica da cicatriz (procedimento que pode atenuar o aspecto de uma cicatriz muito grande ou alargada).
Outra solução possível é fazer um pequeno procedimento FUE para cobrir uma cicatriz linear de uma cirurgia FUT anterior (a marca linear fica camuflada e a nova cirurgia gera poucas microcicatrizes na área doadora, o que pode ser uma troca extremamente vantajosa).
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Como é o pós operatório?
Costuma ser tranquilo nos dois métodos. É normal ter um pouco de inchaço e insensibilidade, e os médicos podem receitar medicação para aliviar a dor e ajudar a dormir. Nas primeiras noites o paciente deve tentar dormir com a cabeça um pouco elevada, usando mais travesseiros. No dia seguinte as bandagens são retiradas.
Durante a primeira semana a instrução é a de lavar a cabeça duas ou três vezes por dia com shampoos específicos para manter o couro cabeludo bem limpo e facilitar a soltura natural das crostas que se formam após o transplante, sempre manuseando a área receptora com cuidado e delicadeza (seu médico deverá orientá-lo sobre a maneira ideal de fazer isso).
É recomendado evitar álcool nos três primeiros dias e cigarro nas duas primeiras semanas após a cirurgia, além de proteger a cabeça do sol. O ideal é bloquear totalmente a área com chapéus nas primeiras duas semanas; depois desse período é possível usar protetores solares, de preferência com FPS 30 ou maior.
Com a técnica FUT é possível que o paciente sinta mais dor, principalmente na primeira semana, o que costuma ser facilmente controlado com medicamentos. Os pontos da sutura devem ser retirados na segunda ou terceira semana, e o ideal é evitar muita tensão no couro cabeludo até 10 meses após a cirurgia, para otimizar a cicatrização e evitar que a cicatriz fique mais larga. Isso inclui evitar exercícios muito intensos e atividades que estiquem ou coloquem muita pressão no couro cabeludo.
A técnica FUE não envolve sutura e não requer estes cuidados: o paciente pode voltar a se exercitar normalmente poucos dias depois da cirurgia, desde que evite pressão direta no couro cabeludo durante os 10 primeiros dias.
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Posso fazer mais transplantes depois do primeiro?
Sim, desde que continue tendo densidade suficiente de fios na área doadora após o primeiro procedimento. O ideal é esperar entre um e dois anos após a cirurgia para avaliar completamente os resultados e decidir se um novo transplante deverá ser realizado.
Como a técnica FUT retira uma parte do couro cabeludo, ele vai ficando mais “apertado” a cada procedimento, então é necessário também avaliar se a pele ainda tem área e elasticidade suficientes para retirar mais uma faixa: se não tiver, o ideal passa a ser o método FUE (que retira pouquíssima pele e não exige nem depende tanto da flexibilidade do couro cabeludo).
É preciso lembrar também que a técnica FUE reduz a densidade da área doadora a cada procedimento, então se várias sessões forem realizadas e um grande número de unidades foliculares for retirado, pode ser que a densidade final da área doadora não seja ideal para a realização de mais transplantes no futuro. Por isso é importante planejar bem as cirurgias, considerando os resultados a longo prazo.
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Quanto custa um transplante capilar?
O preço pode variar bastante, principalmente de acordo com a técnica (FUT costuma ser mais barata que FUE) e a quantidade de unidades foliculares a serem transplantadas (que implicam em sessões mais longas e equipes maiores). Dos procedimentos mais simples em pequenas áreas até os mais extensivos e com uso de tecnologias avançadas (como o FUE realizado com auxílio de robôs), os valores podem flutuar entre cerca de R$ 5.000 até R$ 30.000. Mas só com a avaliação específica do seu caso é que as clínicas podem oferecer orçamentos mais exatos.
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O que devo considerar na hora de escolher o cirurgião/clínica?
A qualidade do transplante depende diretamente da habilidade da equipe responsável, e como a cirurgia tem efeitos para toda a vida, você deve escolher com muito cuidado com quem vai realizá-la. Existe gente sem ética e aproveitadora em todas as profissões: não coloque a sua cabeça nas mãos de quem está mais interessado no seu dinheiro do que na sua saúde e segurança. Alguns pontos importantes a se considerar:
- Como você soube dessa clínica/cirurgião
Uma indicação do seu dermatologista ou de alguém que já fez um transplante com o profissional é mais confiável que um anúncio cheio de clichês de marketing. Pesquisar na internet sobre as opções na sua cidade (ou em outras, se você estiver disposto a viajar) pode ser bom para encontrar depoimentos (elogios e reclamações), mas tenha cuidado: qualquer um pode postar qualquer coisa online.
- A experiência e formação do cirurgião
Onde o médico se formou? Quais são as suas especializações? Ele participa de eventos, congressos, tem prêmios ou artigos publicados sobre transplante capilar? Há quanto tempo ele atua na área? Quantos procedimentos já realizou antes? Ele tem experiência com casos parecidos com o seu (tipo de cabelo, causa e extensão da perda de cabelo, etc)?
- Registro de procedimentos anteriores
Existem imagens variadas e bem detalhadas de antes/depois de cirurgias que esse médico já fez (de preferência com a mesma iluminação, ângulo e no mesmo ambiente, e tanto da área receptora quanto das cicatrizes na área doadora)? Você pode entrar em contato com alguns dos pacientes para perguntar como foi a experiência deles?
- A interação com a equipe durante o procedimento
A equipe que vai auxiliar o médico tem quantas pessoas? Há quanto tempo eles trabalham juntos? Os assistentes realizam quais etapas? O médico vai estar presente, supervisionar ou realizar diretamente quais partes da cirurgia?
- O ambiente e estrutura física da clínica
Higiene, iluminação, equipamentos modernos, vários microscópios para o preparo das unidades foliculares, são todos bons sinais.
- Como o seu caso é avaliado
Desconfie de qualquer lugar que não faça um exame criterioso do seu caso particular antes de dizer que você é um bom candidato ao transplante. Os melhores profissionais vão avaliar o seu histórico de calvície, analisar a densidade do seu couro cabeludo, dar uma perspectiva realista dos resultados possíveis e alertar para todos os riscos e cuidados envolvidos. Prefira alguém que fala sobre como o transplante vai ficar com o avanço da calvície no futuro do que quem só fala sobre os benefícios imediatos.
- A imparcialidade na recomendação do método (FUT ou FUE)
Se o lugar só oferece um dos tipos de transplante, é de se esperar que eles argumentem a favor desse método. O ideal é conversar com alguém que trabalhe com os dois tipos (ou, melhor ainda, com vários profissionais para comparar as opiniões). Aproveite que depois da leitura deste artigo você está mais informado sobre os tipos de transplante, faça perguntas específicas (sobre o procedimento, as cicatrizes, o pós operatório, etc) e veja se o profissional te dá uma visão equilibrada dos prós e contras de cada método.
- O orçamento oferecido
As clínicas sérias só costumam falar em valores depois de ter avaliado cuidadosamente o seu caso. Compare os preços e suspeite de orçamentos muito discrepantes da média. Em 99% dos casos, quem faz muito mais barato que a concorrência também faz muito pior. E nem sempre os mais caros são necessariamente os melhores (certifique-se de que a marca e o nome de um cirurgião famoso condizem com a qualidade e profissionalismo dos serviços).
- A maneira como você é tratado
Os profissionais devem te dar a devida atenção, responder as suas dúvidas com clareza e te dar todo o tempo necessário para tomar a sua decisão. Ninguém deve fazer pressão para que você se decida logo, nem tratar você como apenas mais um número na lista de pacientes. Se o seu instinto te diz que a conversa está mais parecida com uma ligação de telemarketing do que com uma consulta médica séria, procure outra clínica.
- A sua segurança na tomada da decisão
Você só deve realizar o transplante quando estiver bem informado, sem nenhuma dúvida sobre qualquer etapa do procedimento, sabendo das limitações de cada método e dos resultados possíveis para o seu caso, pensando no longo prazo e se sentindo seguro em relação à qualidade da clínica e dos profissionais que farão a sua cirurgia. Se houver qualquer dúvida ou hesitação, espere um pouco e busque mais informações.
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Você já fez um transplante capilar? Está pensando em fazer? Restou alguma dúvida que não foi respondida neste artigo? Conte pra gente nos comentários!