Raio-X do cabelo, parte 3 – Folículo capilar, fases do cabelo e investigação da queda

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Na primeira e na segunda parte da nossa série sobre a estrutura e o comportamento do cabelo, falamos sobre as diferentes camadas que formam os fios, como elas são compostas e quais as suas funções. Agora vamos conhecer onde elas são formadas e investigar o ciclo de vida dos cabelos – uma etapa fundamental, já que a queda dos fios (que é o nosso tema central) faz parte desse processo.

As aberturas por onde os fios surgem na nossa cabeça não são simples “buracos”: embaixo da pele, cada um deles tem uma estrutura complexa que é responsável por produzir, organizar e preparar o fio para as condições que ele vai enfrentar no mundo lá fora.

A fantástica fábrica de cabelos

Ilustração da estrutura do folículo capilar

É daqui que surge cada precioso fio do seu cabelo! (Imagem original: BruceBlaus)

O lugar de onde cada fio de cabelo sai é chamado de folículo, e tem um formato parecido com um tubo, com o fundo mais largo e arredondado. A parte inferior é chamada de bulbo capilar, e é lá que o cabelo realmente nasce: vasos capilares trazem nutrientes para a papila, que fica no fundo do bulbo alimentando uma série de células que se multiplicam rapidamente. Esse grupo de células é chamado de matriz do cabelo.

À medida que as células vão surgindo, elas empurram as que vieram antes pra cima (o que faz o cabelo crescer), e começam a assumir papéis diferentes: as que estão mais perto das bordas do folículo formam uma espécie de revestimento interno, e as que estão mais no centro vão se diferenciando para formar a cutícula, o córtex e a medula do fio de cabelo (as camadas que já conhecemos no primeiro e no segundo posts desta série). Um grupo de células especiais, os melanócitos, carrega a melanina que vai dar cor ao cabelo. Essa diferenciação vai acontecendo à medida que as células vão percorrendo o folículo: quando o fio está completamente formado, essas células já estão mortas.

Um pouco mais acima, quando o fio já está quase saindo do folículo, entram os canais das glândulas sudorípara e sebácea. O suor e o sebo que elas produzem formam uma camada viscosa e oleosa que reveste o fio, protegendo a cutícula das agressões que ela vai receber quando surgir na superfície.

Além dessas glândulas existe um pequeno músculo aderido ao folículo, que é o responsável por levantar o fio em algumas situações (da mesma forma que acontece nos pelos do seu braço quando você se arrepia).

Fases da vida do cabelo

O ciclo de nascimento, crescimento e queda dos cabelos tem três fases distintas. A primeira delas, a fase anágena, é a etapa em que o bulbo capilar está em plena atividade: as células da matriz do fio crescem e se dividem continuamente, e o comprimento do cabelo vai aumentando. Essa etapa costuma durar de 2 a 7 anos, e os fios crescem em média 1 cm por mês.

A etapa seguinte é a fase catágena, na qual o folículo se prepara para entrar em descanso e o crescimento do cabelo é interrompido. O fio se desconecta da papila e a base do folículo começa a “subir” em direção à superfície da pele. Essa etapa normalmente dura de 2 a 4 semanas.

Na última fase, a telógena, o fio está pronto para cair. Normalmente ele se solta do folículo quando o cabelo é lavado ou escovado, ou quando um novo fio começa a ser produzido e a crescer no mesmo folículo, “empurrando” o antigo pra fora.

Ilustração indicando as fases anágena, catágena e telógena do ciclo de vida dos cabelos

Todos os folículos capilares do seu corpo estão em uma dessas três fases: anágena, catágena ou telógena.

 

Cada fio de cabelo segue o seu ciclo independentemente, ou seja, nem todos os fios estão passando pela mesma fase ao mesmo tempo (o que é ótimo, por sinal: já imaginou se todos os fios da cabeça entrassem na fase telógena e caíssem juntos? Todo mundo ficaria completamente careca de tempos em tempos!).

Normalmente uma pessoa tem cerca de 100 mil folículos no couro cabeludo, dos quais entre 3 e 5% estão na fase catágena, outros 10 a 15% estão na fase telógena, e o restante (ou seja, a maioria dos fios) se encontra na fase anágena. Estima-se que todo mundo perca em torno de 100 fios de cabelo por dia (o que não gera efeitos aparentes, pois para cada um que cai, outro novo já está em produção). É c laro que esses números variam bastante de acordo com a genética e as condições particulares de cada indivíduo.

Um fio que cai na fase telógena não causa dor ao se desprender do couro cabeludo, e tem um bulbo arredondado, duro e seco na parte da raiz. Já os fios na fase anágena causam dor quando são arrancados e têm o bulbo macio e flexível, às vezes com uma parte do revestimento interno do folículo acoplado à base (um material transparente e com aspecto gelatinoso).

Investigando a queda de cabelo

Conhecer a composição e as etapas do ciclo de vida dos cabelos é fundamental para conseguirmos entender por que o nosso cabelo está caindo mais que o normal, e buscar o tratamento mais adequado: não faz sentido tratar a raiz se o problema for de quebra na cutícula e no córtex do fio, nem investir em tratamentos superficiais se a causa da queda estiver dentro do folículo, por exemplo.

Nossos cabelos podem nos dar alguns sinais que ajudam a descobrir o que realmente está acontecendo. É importante observar, por exemplo:

  • A área afetada (a queda atinge todo o couro cabeludo ou apenas uma ou mais regiões específicas?);
  • O período em que o problema se desenvolveu (você observa uma queda progressiva ao longo de muitos anos ou o quadro começou repentinamente?);
  • O aspecto dos fios (o cabelo tem crescido até o comprimento usual? Os fios estão mais finos ou mais claros do que o normal? Apresentam danos no comprimento? Como é o bulbo dos fios que caem?);
  • A recorrência do quadro (você já teve isso antes? O quadro se reverteu sozinho?);
  • Mudanças no couro cabeludo (cor, textura, temperatura, coceira, ardência, dor, sensibilidade, descamação, etc).

Outras informações que podem contribuir para desvendar o caso:

  • Histórico familiar de queda de cabelo;
  • Histórico de doenças que podem estar relacionadas a episódios de queda de cabelo (anemia, problemas de tireóide, lúpus, diabetes, problemas hormonais, etc);
  • Doenças, infecções, epísódios de febre ou qualquer outro distúrbio de saúde recente;
  • Medicamentos que você esteja tomando ou tenha tomado recentemente;
  • Qualidade da sua alimentação;
  • Níveis de stress no seu cotidiano e episódios traumáticos, depressivos ou desgastantes que tenham acontecido nos últimos tempos.

Em alguns casos é preciso investigar ainda mais a fundo. Se um dermatologista está avaliando um paciente com alopecia e encontra sinais de inflamação nos folículos capilares, a análise do tipo de leucócito (as células que o nosso sistema imunológico “recruta” para atacar invasores do corpo) presente na região pode ajudar a identificar se é um caso de alopecia areata ou alguma das várias possíveis doenças que causam alopecia cicatricial, por exemplo. O diagnóstico correto é extremamente importante numa situação como esta: a alopecia areata pode se reverter sozinha depois de um tempo, mas a alopecia cicatricial deve ser identificada e tratada o mais rápido possível, pois pode acabar danificando permanentemente os folículos capilares.

Além disso, mais do que apenas uma questão estética, a queda de cabelo pode ser sinal de algum outro problema de saúde, portanto deve ser sempre levada muito a sério.

Lutar contra esse problema muitas vezes pode parecer um combate às cegas, o que é extremamente frustrante. Mas compreendendo como o seu cabelo funciona e reunindo as pistas que ele oferece, fica mais fácil analisar as possíveis causas, comparar as características de cada um com a sua situação e chegar mais perto da verdadeira solução para o problema.

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AVISO: As informações e opiniões publicadas pelo Chega de Queda! não possuem autoridade profissional e não devem ser interpretadas como aconselhamento médico. Nunca utilize qualquer medicação por conta própria. Consulte sempre o seu médico.
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